Bem mais magros e abatidos, reféns são libertados pelo Hamas após 491 dias sequestrados; veja antes e depois

Bem mais magros e abatidos, reféns são libertados pelo Hamas após 491 dias sequestrados; veja antes e depois

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Antes e depois: Or Levy, Eli Sharabi e Ohad Ben Ami, sequestrados pelo Hamas em 7 de outubro, foram libertados
Antes e depois: Or Levy, Eli Sharabi e Ohad Ben Ami, sequestrados pelo Hamas em 7 de outubro, foram libertados — Foto: AFP

Bem mais magros e abatidos, os reféns Eli Sharabi, Or Levy e Ohad Ben Ami, capturados durante o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, foram libertados neste sábado após serem exibidos em um palco na cidade de Deir al-Balah, no centro de Gaza. Horas depois, eles chegaram de ônibus à cidade ocupada de Ramallah, na Cisjordânia ocupada. Em troca dos três reféns, Israel libertou 183 palestinos: 18 condenados à prisão perpétua, 54 condenados a penas pesadas e 111 detidos em Gaza após o ataque.

Em nota, o Fórum das Famílias de Reféns israelenses denunciou as “imagens chocantes” durante a libertação dos reféns, que, apesar do cansaço evidente, foram forçados a falar no pódio por um soldado encapuzado do Hamas que segurava um microfone.

“Estas imagens perturbadoras mostram ao mundo inteiro a realidade desesperadora enfrentada por cada refém ainda mantido em Gaza. As imagens evocam as cenas horripilantes da libertação dos campos de concentração em 1945, o capítulo mais obscuro da nossa história. Temos que tirar todos os reféns do inferno. Não pode haver mais atrasos — uma segunda fase do acordo de reféns deve ser implementada imediatamente!”

Parentes dos três homens também ficaram chocados ao ver as primeiras imagens dos reféns durante sua transferência para a Cruz Vermelha. Michal Cohen, primo de Ohad Ben Ami, disse ao jornal Haaretz que ele parece “muito mal”. Ami foi feito refém com a sua esposa, Raz Ben Ami, quando membros do Hamas invadiram a casa onde morava, no kibutz Be’eri. Ela foi libertada em 29 de novembro.

— Ele tem 56 anos, mas parece pelo menos dez anos mais velho. É de partir o coração vê-lo assim. Não aguento mais, estou realmente assustado — afirmou.

Tal Levy, irmão de Or Levy, também ficou chocado após ver as fotos de sua libertação. Levy, hoje com 34 anos, estava no Festival de Música Supernova com a sua esposa, Eynav, quando foi raptado. O filho do casal de dois anos, Almog, tinha ficado com os avós. Eynav foi morta pelo Hamas.

— É muito difícil vê-lo depois de tudo o que ele passou lá. Mas ele está voltando, ele vai se recuperar e vai ficar bem. Ele vai se encontrar com seu filho — disse ao jornal israelense.

O terceiro refém libertado, Eli Sharabi, perdeu a esposa e as duas filhas, mortas no kibutz Beeri. Seu irmão Yossi também foi feito refém, mas morreu em cativeiro.

Em vídeo, a ativista Einav Zangauker acusou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de ser responsável pela saúde dos reféns. “Netanyahu, você vê como eles estão? Você vê as consequências de suas obstruções? Por meses, temos gritado que eles estão morrendo de fome e sendo abusados. O que você achou que aconteceria enquanto você continuava adiando o cessar-fogo?”.

Neste sábado, dezenas de combatentes do Hamas, com os rostos cobertos e usando faixas verdes na cabeça, formaram um cordão ao redor da área onde um pódio foi montado com fotos de tanques israelenses destruídos, bandeiras do grupo e imagens de comandantes mortos em bombardeios israelenses.

Combatentes do Hamas escoltam os reféns israelenses Or Levy (segundo à esquerda) e Eli Sharabi (segundo à direita) em um palco antes de entregá-los a uma equipe da Cruz Vermelha em Deir el-Balah, em Gaza — Foto: Bashar TALEB / AFP
Combatentes do Hamas escoltam os reféns israelenses Or Levy (segundo à esquerda) e Eli Sharabi (segundo à direita) em um palco antes de entregá-los a uma equipe da Cruz Vermelha em Deir el-Balah, em Gaza — Foto: Bashar TALEB / AFP

O presidente israelense, Isaac Herzog, denunciou “um espetáculo cínico e cruel” que ilustra “um crime contra a Humanidade”, enquanto Netanyahu, que está em Washington, disse que as imagens deste sábado “não ficarão sem respostas”.

A troca era incerta após declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que, ao receber Netanyahu na Casa Branca, na terça-feira, propôs que os Estados Unidos assumissem o controle de Gaza e que sua população fosse deslocada para países vizinhos. Uma ideia categoricamente rejeitada pelo Hamas e condenada pela comunidade internacional.

O cessar-fogo visa encerrar a guerra mais mortal e destrutiva já travada entre Israel e o Hamas. O acordo permitiu o aumento da entrada de ajuda humanitária no enclave e possibilitou que centenas de milhares de palestinos retornassem ao que restou de suas casas no norte da Faixa de Gaza. Ao todo, é esperado que 33 reféns israelenses sejam libertados em troca de quase 2 mil prisioneiros palestinos. Segundo o Hamas, oito desses reféns foram mortos em 7 de outubro ou no cativeiro.

Neste sábado, o líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, recebeu altos funcionários do grupo, que é apoiado por Teerã, na primeira reunião desde que a trégua foi alcançada.

— Vocês superaram o regime sionista e, de fato, os EUA, e pela graça de Deus, não permitiram que eles alcançassem nenhum de seus objetivos — disse Khamenei aos líderes do Hamas em Teerã, de acordo com a TV estatal.

O ataque do Hamas contra Israel deixou 1,2 mil mortos e 250 sequestrados, entre israelenses e estrangeiros. Desses, 157 foram resgatados na primeira trégua do conflito, em novembro de 2023, ou em operações militares posteriores. Agora, Israel acredita que cerca de um terço, ou possivelmente até metade, dos quase 90 reféns restantes estejam mortos.

A segunda — e muito mais difícil — fase do acordo ainda não foi negociada. O Hamas afirma que não libertará os reféns restantes a menos que Israel encerre a guerra, enquanto Netanyahu insiste que continua comprometido em destruir o grupo palestino e acabar com seu controle de quase 18 anos sobre Gaza. Passados mais de 15 meses de guerra, pelo menos 47 mil palestinos foram mortos, e o território foi amplamente destruído.

Fonte: G1

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