O presidente Mauricio Galiotte foi avisado por Vanderlei Luxemburgo de que o Palmeiras tinha dois grandes volantes na base, que ele colocaria no time principal: Gabriel Menino e Patrick de Paula.
Só que havia um obstáculo: Felipe Melo. Ele tinha 37 anos e era o grande líder do elenco, jogador com enorme identificação com a torcida, respeitado pela imprensa.
Como iria abrir espaço para a dupla de meninos, com o volante midiático como titular? O treinador foi esperto: percebendo que seu vigor físico não era mais o mesmo, o transformou em zagueiro. O que deu muito certo.
Vigoroso, ótimo pelo alto e com excelente toque de bola, ele facilitou muito a saída de bola do Palmeiras.
Abel Ferreira, que chegou no lugar de Luxemburgo, ficou impressionado com o vigor físico de Felipe Melo e o fez líder do time. Estava tudo certo.
Só que o presidente Galiotte era contra veteranos no elenco.
Partiu dele a decisão de não renovar com Felipe Melo, que já tinha 38 anos, em dezembro de 2021. O jogador aceitaria conversar até sobre redução salarial.
Mas Galiotte decidiu não fazer proposta alguma.Não acreditava mais no futebol do jogador.Cria do Flamengo, ele esperava a chance de retornar ao time que sempre assumiu amar.Mas a proposta não veio.E Felipe Melo foi para o grande rival, o Fluminense.
Ele se impôs como líder, como titular, mas enfrentou, a princípio silencioso, depois assumido, o etarismo de grande parte da imprensa carioca.
Mas chegou Fernando Diniz, e ele se sentiu plenamente valorizado. E identificado. Os dois tinham de “calar quem duvidava da dupla”.
Veio a conquista do Carioca de 2023, foi seu bi estadual, mas não deixou dúvida de que foi o que mais o empolgou, já que veio nas mãos de Diniz.
Mesmo com o título no primeiro semestre, as críticas sobre sua idade seguiam.
Os 40 anos chegaram em junho. Foram simbólicos, para mais questionamentos. Ele se conteve. Até que chegou a classificação do Fluminense para a decisão da Libertadores.
“Tem 40 anos de idade, mas o time é velho, é sub 40.”
“Finaaaaaal, finaaal, Fluminense é gigante…
“Cambada de abutre.
“Parabéns para quem torceu, a glória é de Deus.
“Que entendam uma coisa, rapaziada, eu falei, falei que a gente vai ser campeão.
“Parabéns, falei, a vitória pela fé é dolorida, dói, mas é pela fé.
“Foi pela fé.
“Agora é comemorar, quero nem saber. Beijo.”
O jogador estava ensandecido em Porto Alegre.
Porém, mais orgulho ele sentiu em setembro, quando renovou seu contrato até o fim de 2024, quando terá 41 anos.
Ou seja, três anos a mais do que Mauricio Galiotte acreditava que não renderia mais.
E se recusou a renovar com ele.
Apesar do pedido de Abel Ferreira, mostrando que o jogador, além de muito útil, era um grande líder.
Foi o que Felipe Melo provou, de novo, em Porto Alegre.
Para desconforto da “cambada de abutre”…
Fonte: R7