O Inter é um time indignado, como destaca Roger Machado. Porém, não adianta se tem dificuldade para entrar concentrado. Precisa competir desde o apito inicial para superar os rivais, sob pena de a entrega só servir para reduzir danos.
O empate em 3 a 3 com o Nacional na noite de terça-feira no Beira-Rio mostrou valentia, mas falhas em profusão industrial em um caótico primeiro tempo.
Sim, caótico. Assustou o início da partida dos colorados. Se jogou mal no primeiro tempo do Gre-Nal 447 (empate em 1 a 1), houve um apagão no começo do duelo com os uruguaios que quase colocou tudo a perder.
O time não se achou em campo e quase viu uma derrota constrangedora ser construída antes do intervalo, o que aumentaria a pressão para a sequência da Conmebol Libertadores. Vazava atrás, pecava na construção e incomodava minimamente o sistema defensivo rival.
Em 10 minutos de jogo, já levava 2 a 0. Logo aos cinco, Boggio cobrou escanteio, Wesley cortou, mas o Nacional ficou com o rebote. A defesa saía para deixar os adversários em impedimento. Todavia, Bernabei ficou, e a bola sobrou para Millán deslocar Anthoni.
O segundo veio em um contra-ataque após erro de Alan Patrick. Villalba disparou pela direita e cruzou. Victor Gabriel não conseguiu cortar e Boggio se antecipou a Bruno Henrique para estufar as redes.
O cenário apavorava. Atordoada, a equipe gaúcha via Nico López desfilar no retorno ao Beira-Rio. O terceiro parecia questão de tempo, mas os gaúchos começaram a tentar minimizar o impacto.
Wesley saía em disparada e buscava furar o bloqueio. Chegou a ter um gol anulado e veio nova punição. O ex-colorado cobrou escanteio fechado, Anthoni soltou e Coates anotou o terceiro aos 42.
O Inter não seria apenas derrotado, mas atropelado pelo Bolso, que não tinha ponto algum no Grupo F? Foi então que o mantra de Roger do “time que se recusa a perder” deu as caras.
Alan Patrick marcou, mas não conseguiu dar a vitória ao Inter — Foto: Tomás Hammes
No minuto seguinte, Wesley sofreu pênalti e Alan Patrick converteu. Os gaúchos respiravam e, por pouco, não diminuíram. Bernabei carimbou o travessão aos 53.
Existia uma esperança para o segundo tempo. Gabriel Carvalho, um dos tantos de atuação aquém, deu lugar a Borré. O recado estava dado. O Inter iria para cima para, pelo menos, salvar um ponto.
O colombiano e Vitão sacudiam os braços e pediam o apoio das arquibancadas. Porém, apareceu outro dos problemas: a fase dos centroavantes. Em questão de um minuto, Valencia e Borré furaram em bola.
Ainda assim, a luta persistiu e, aos 21, Bernabei recebeu lançamento primoroso de Óscar Romero e descontou. O Colorado estava vivo e, seis minutos depois, uma jogada que já tem se tornado uma das marcas. Alan Patrick cobrou escanteio na cabeça de Fernando, que deixou tudo igual. Empolgação no Beira-Rio.
Uma histórica virada tomaria corpo? Não! Borré e Valencia falharam nas vezes em que foram acionados e o placar acabou 3 a 3. Frustração dos mandantes, que ainda agradeceram o carinho, mas não escondiam a decepção nos rostos.
Valencia foi mal na partida — Foto: Tomás Hammes
A dificuldade em ser equilibrado durante os 90 minutos e os acréscimos têm custado um preço. O Inter chegou ao quarto jogo sem vencer (três empates e uma derrota) e cinco gols sofridos no período.
Não ganha desde os 3 a 0 sobre o Atlético Nacional, em 10 de abril, e pode ser ultrapassado pelo time colombiano ou o Bahia, que se enfrentam na quinta, na Fonte Nova.
O Inter está com cinco pontos e lidera provisoriamente o Grupo F. No “segundo turno”, fará duas partidas como visitante, contra Atlético Nacional e Nacional. Quem sonha em levantar taças precisa lutar sempre, mas ganhar em casa e fora.
E, para assegurar o resultado positivo, correr apenas para atenuar problemas não é a receita do sucesso. Concentração e cumprimento de função durante toda a partida são primordiais.
A resposta precisa vir no sábado pelo Brasileirão. O Inter recebe o Juventude às 16h no Beira-Rio e precisa dos três pontos para escalar a tabela e não deixar o Palmeiras, líder com 13, abrir ainda mais. Atualmente, a diferença está em sétimo para o time de Roger, o 12º na tabela.
Fonte: Ge