Padres brasileiros ligados à ala do clero considerada progressista acreditam que o próximo papa será europeu e conservador se comparado ao papa Francisco, que morreu na manhã desta segunda (21), aos 88 anos.
A coluna apurou que, no entendimento desse grupo, a cúpula da Igreja Católica se surpreendeu com a guinada à esquerda que o argentino Jorge Mario Bergoglio deu ao assumir o papado, em março de 2023.
Os religiosos trocaram mensagens logo depois da morte do papa Francisco para debater os rumos que a cúria romana, à luz da experiência do papado de Francisco, tentará impor a partir de agora à Igreja Católica.
“Eles não eram duas vezes”, afirma um religioso com ativa atuação no Brasil. De acordo com o mesmo padre, os cardeais agora vão votar em um papa “conservador, retrógrado, com pulso firme para trazer de volta toda a tradição da Igreja Católica”, um pontífice que “só fale do céu, do inferno e que sempre use batina”.
No dia 10 de abril, o papa Francisco apareceu de surpresa na Basílica de São Pedro sem a tradicional batina, vestindo, no lugar dela, um poncho. Ele estava em uma cadeira de rodas.
“Em 2013, quando votaram em Bergoglio, escolheram alguém que viam como um ‘bispinho’ da América Latina que na ia fazer nada. E ele surpreendeu”, segue o mesmo religioso.
O papa Francisco, diz, se colocava como o bispo de Roma, e não como um monarca clerical, “não como um ser inacessível, o centro do mundo”. Não chegou a ser um revolucionário, mas era um papa “com cheiro de ovelha, um pastor que se misturava com o seu rebanho”, segue o mesmo líder católico.
Mônica Bergamo/Folhapress