Antes da apresentação de Vitor Roque no Palmeiras, a presidente Leila Pereira concedeu uma entrevista coletiva para falar sobre o caso de racismo envolvendo o atacante Luighi, ontem, na partida contra o Cerro Porteño pela Copa Libertadores sub-20, no Estádio Gunther Vogel, localizado na cidade paraguaia de San Lorenzo. A dirigente, inclusive, afirmou que vai solicitar a exclusão do time paraguaio da competição.
— Vamos até as últimas instâncias para que o Cerro Porteño e para que os racistas e criminosos sejam punidos de forma exemplar. Nós vamos requisitar a exclusão do Cerro Porteño da competição porque não é a primeira vez que esse clube ataca os nossos atletas e nossos torcedores. Em 2022, torcedores do Cerro ficaram imitando macacos para nossos torcedores e não aconteceu absolutamente nada. Em 2023, os nossos atletas foram chamados novamente de macaco e o Bruno Tabata foi punido por revidar a agressão — afirma Leila Pereira.
— Essa punição que estamos pensando é para o clube Cerro Porteño, está com nossos advogados junto com a CBF. Eu tentei falar com o presidente da Conmebol e não consegui. Foi desagradável, porque é um tema grave, não é a primeira vez que acontece e a Conmebol está sendo displicente nesse caso. Não consegui falar com o Alejandro, falei por muito tempo com o presidente Ednaldo e ele se dispôs a nos ajudar e colocou o corpo jurídico da CBF para trabalhar com o nosso e ver dentro da legislação o que poderá ser feito. Não vamos pedir a exclusão do Cerro só por esse caso, mas por fatos recorrentes. Nosso departamento está trabalhando nisso. Se não resolver na Conmebol vai ser na Fifa.
Leila Pereira também afirmou não haver nenhuma chance de retirar o Palmeiras da competição após o caso de ontem. Segundo a dirigente do clube, os advogados já estão em contato com os representantes da CBF e da Conmebol para a entidade sul-americana tomar medidas drásticas contra esse torcedor e o clube que concorde com isso.
— Não posso fazer justiça com as próprias mãos. Me pedem para os atletas se retirarem da competição, mas não. Aí você vai punir a vítima. Eles são meninos que o sonho deles é brilhar no futebol. Eu não vou coibir o sonho desses meninos. Quem tem que ser punido é o criminoso. Nós nunca abandonaremos o campo. A gente vai lutar sim por punição extremamente séria para os criminosos e clubes coniventes que não tomam atitude nenhuma contra esse crime. Nossos advogados já estão em contato com advogados da CBF, com a Conmebol, para que ela tome medidas drásticas contra esse torcedor e o clube que concorde com isso — completou.
O que aconteceu?
O jovem de 18 anos foi um dos alvos de um torcedor do Cerro Porteño, que fez gestos de macaco na sua direção durante a vitória alviverde por 3 a 0.
Na imagem do lance, o torcedor, que carregava uma criança no colo gesticulou para o meia Figueiredo, que estava sendo substituído. Depois, foi a vez de Luighi afirmar que também foi vítima, o que rendeu uma reclamação ao árbitro e a paralisação da partida por alguns minutos.
O atacante também foi substituído e chorou bastante no banco de reservas. No fim da partida, Luighi desabafou sobre o incidente e disse que o que fizeram foi um crime.
— Vocês não vão me perguntar sobre o ato de racismo que ocorreu hoje comigo? É sério? Até quando vamos passar por isso? Me fala, até quando? O que fizeram comigo é crime, não vai perguntar sobre isso? — desabafou Luighi.
— Vai me perguntar sobre o jogo? A Conmebol vai fazer o que sobre isso? Ou a CBF, sei lá. Você não ia perguntar sobre isso né? Não ia. É um crime o que ocorreu hoje. Isso aqui é formação, estamos aqui para aprender – finalizou.
Em nota oficial, o Palmeiras manifestou apoio ao jogador e disse que vai até as últimas instâncias para buscar punição aos responsáveis pelo ato. Corinthians, São Paulo e Santos, rivais do time alviverde, também se manifestaram em apoio ao jogador.
A Conmebol repudiou os atos e prometeu “medidas disciplinares”. Nesta sexta, o atacante Vini Jr., do Real Madrid, saiu em defesa de Luighi e cobrou punições severas por parte das entidades que comandam o futebol.
Fonte: O Globo