O Botafogo voltou à estaca zero na busca por um treinador com a desistência de Vasco Matos, que renovou contrato com o Santa Clara nesta quarta-feira. O negócio estava acertado entre todas as partes até a noite de terça. No entanto, houve um revés durante a madrugada desta quarta.
Do lado do técnico, a alegação é de insegurança com as condições de trabalho que encontraria no Alvinegro. Do lado do clube carioca, há menções a uma possível omissão de Matos sobre as licenças possuídas pelo técnico. O português optou por permanecer na Europa e aceitou um novo vínculo “fora dos padrões” do Santa Clara. Mas o que mudou nas últimas horas? O ge explica.
Vasco Matos comunicou ao Santa Clara a decisão de deixar o clube na manhã de terça. John Textor, por sua vez, já havia formalizado que pagaria a multa rescisória de 1 milhão de euros (cerca de R$ 5,9 milhões) para contar com o treinador. A forma de pagamento entre as partes também estava definida.
No entanto, o Santa Clara entendeu que, para o momento inédito de 5º lugar na primeira divisão de Portugal, a saída de Vasco seria extremamente prejudicial. No início da negociação, pessoas ligadas ao clube português não acreditavam na saída do treinador para o Botafogo. No entanto, o comandante aceitou a proposta alvinegra.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_bc8228b6673f488aa253bbcb03c80ec5/internal_photos/bs/2025/6/X/LDEIWUT0iJop5ukrgbGA/gettyimages-2166204683.jpg)
Vasco Matos seguirá como técnico do Santa Clara, de Portugal — Foto: Maciej Rogowski/Getty Images
A questão da falta de licenças
Um dos problemas das últimas horas foi burocrático e relacionado às licenças. Como não tem uma licença Pro da Uefa – equivalente à licença Conmebol Pro -, Vasco Matos não poderia, por exemplo, comandar o Botafogo em torneios como a Conmebol Libertadores e o Mundial de Clubes.
Nos bastidores, dirigentes alvinegros alegam que o treinador omitiu informações – que foram verificadas por funcionários do clube antes de o técnico vir ao Brasil – sobre suas licenças de trabalho. Fontes próximas ao português, por outro lado, apontam que o Botafogo estava a par da situação.
John Textor então garantiu a Vasco Matos que entraria em contato com a Conmebol em busca de uma “licença provisória”, para que ele pudesse atuar até ter condições plenas pelo regulamento.
O Alvinegro entende que a questão burocrática foi a gota d’água, mas houve incômodo sobre a falta de franqueza do treinador português. A entrevista final entre as partes tampouco foi das mais positivas, o que pesou contra o acerto.
Vasco Matos deseja conseguir a licença Pro da Uefa, ampliando suas oportunidades de trabalho, mas o técnico deverá fazer o curso requerido em Portugal. Para isso, ele esbarra em detalhes como a abertura de novas turmas.
Há a expectativa de que um novo curso seja aberto entre junho e agosto, o que deixaria Vasco com pendências a resolver no Botafogo por alguns meses, caso acertasse com o clube. Na diretoria alvinegra, havia ainda receio de que os jogadores não encarassem bem a hipótese de um treinador passar por um curso no meio da temporada para obter licença de trabalho.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_bc8228b6673f488aa253bbcb03c80ec5/internal_photos/bs/2025/6/f/l30WSrRcGNZ5bRh6Ll8w/gettyimages-2189987014.jpg)
Vasco Matos, treinador do Santa Clara, de Portugal — Foto: Gualter Fatia/Getty Images
Contraproposta do Santa Clara
Outro fator que pesou na reviravolta foi a decisão da diretoria do Santa Clara de tentar uma última cartada para segurar o treinador. Mesmo tendo sido comunicados da decisão de Vasco Matos de se transferir para o Botafogo, os dirigentes decidiram fazer nesta manhã (madrugada no Brasil) uma oferta de renovação com importante aumento salarial, fora dos padrões do clube português.
Assim, Vasco Matos refletiu sobre sua situação, optou por voltar atrás e permanecer no Santa Clara, desfazendo o acordo com o Botafogo. No novo contrato, estendido até 2027, a multa rescisória do treinador duplicou, passando de um para dois milhões de euros (cerca de R$ 11,9 milhões).
Agora, o Botafogo retorna ao mercado na busca pelo substituto de Artur Jorge. O treinador português, hoje no Al-Rayyan, do Catar, deixou o clube no dia 3 de janeiro. Na semana passada, o Alvinegro anunciou o retorno de Cláudio Caçapa, que assinou como auxiliar permanente do clube e atuará como interino – substituindo Carlos Leiria, que retornou ao sub-20 – enquanto o novo nome não é definido.
Caçapa possui licença Pro da Uefa e não terá problemas para comandar o Botafogo em Buenos Aires, na Argentina, onde vai enfrentar o Racing no jogo de ida da Recopa Sul-Americana. O Alvinegro se credenciou à disputa por ser o atual campeão da Conmebol Libertadores.
Fonte: Ge




