Está chegando o momento de dar adeus a primavera. O verão de 2025, que inicia em 21 de dezembro deste ano e se encerra em 20 de março, tem a previsão de registrar temperaturas elevadas e pode se tornar um dos mais intensos da história no Brasil. As mudanças climáticas globais têm sido impulsionadas pelo aquecimento do Atlântico Norte e pelo fenômeno La Niña, que indicam um aumento significativo de secas e chuvas extremas no país.
A estação, principalmente no mês em que se inicia, é vista como uma fase de transição para a meteorologista Andrea Ramos, do Instituto Climatempo. Ela descreve que dezembro é chuvoso por ainda ter influência da primavera.
— Dezembro marca o início de uma fase de transição. É naturalmente um mês chuvoso, já que ainda estamos na primavera, e, a partir do dia 21, começa o verão. O verão é caracterizado como a estação mais chuvosa, especialmente quando comparamos com as demais estações do ano. Ele vai de dezembro até março, e, por isso, é esperado um volume significativo de chuvas — disse ao GLOBO.
Já Marcio Cataldi, meteorologista e professor do Departamento de Engenharia Ambiental e Agrícola da UFF, ressalta que pelo ano de 2024 ter sido o mais quente da história, é provável que a estação tenha muitas mudanças. No entanto, devem acontecer com maior intensidade em janeiro.
— Hoje, o que temos de mais confiável é que, em janeiro, o Pacífico deve começar a aquecer. Ou seja, a partir de janeiro, devemos registrar temperaturas recordes novamente. Essa é uma perspectiva preocupante, com impacto global. Quanto a dezembro, estamos em uma espécie de limiar. Estamos monitorando semanalmente a evolução das condições dos oceanos. Pode ser que dezembro também registre temperaturas muito elevadas. Mas, com base no que sabemos agora, a previsão mais confiável é de calor extremo a partir de janeiro — explicou o especialista.
La Niña e seus efeitos no Brasil
O fenômeno La Niña ocorre quando as águas do Pacífico Equatorial se resfriam, alterando os padrões de chuva e temperatura em diversas regiões do Brasil. Diferente do El Niño, que aquece o Pacífico, a La Niña tende a trazer mais chuvas para o Norte e Nordeste, enquanto reduz a precipitação no Sul.
No Sul, região que em 2024 enfrentou chuvas intensas e inundações, espera-se uma diminuição nos volumes de chuva. Já no Norte e Nordeste, a previsão é de precipitações acima da média, com destaque para o Matopiba — área formada por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia —, uma das principais produtoras de grãos do país.
As altas temperaturas do Atlântico Norte também influenciam diretamente o clima no Brasil, intensificando eventos extremos. O aquecimento recorde desse oceano em 2024 foi associado a secas severas na Amazônia e a tempestades mais intensas no Sul. Essa anomalia também amplifica os sistemas climáticos na América do Sul, agravando os impactos regionais.
Além disso, o cenário climático global tem se mostrado cada vez mais preocupante. Em 2023, a temperatura média mundial atingiu níveis recordes, enquanto no Brasil a média foi de 24,92°C, significativamente acima da histórica de 24,23°C, conforme dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM).
Fonte: O Globo




