Após o Irã ter lançado um ataque inédito contra Israel, na noite de sábado (13), o governo israelense defende um contra-ataque. Enquanto isso, a comunidade internacional tenta evitar uma escalada no conflito. Já os iranianos consideram que o ataque foi uma resposta a um bombardeio israelense e veem o assunto como encerrado.
O Irã afirmou que puniu Israel por um bombardeio à embaixada iraniana em Damasco, na Síria, em 1º de abril. Um membro importante da Guarda Revolucionária do Irã e outras seis pessoas morreram no ataque.
Como foi o ataque e como repercutiu
▶️ Resposta: A retaliação iraniana foi enviada a Israel na noite sábado, com o lançamento de mais de 300 mísseis e drones contra o país.
- De acordo com as Forças de Defesa de Israel, 99% do ataque iraniano foi interceptado.
- No entanto, alguns mísseis furaram a proteção israelense e caíram no território.
- Uma criança de 10 anos ficou gravemente ferida no ataque.
- O Irã disse que avisou países vizinhos sobre o ataque 72 horas antes do lançamento dos mísseis.
▶️ Reação de Israel: O governo de Israel se reuniu pouco depois do ataque. Uma nova reunião foi feita no domingo (14), no Gabinete de Guerra.
- Israel defende responder o ataque do Irã.
- Benny Gantz, membro do Gabinete de Guerra, afirmou que o Irã pagará na hora certa.
- “Construiremos uma coalizão regional e cobraremos o preço do Irã da maneira e no momento certo para nós”, afirmou Gantz em comunicado oficial.
- O Irã avisou que pode lançar uma ofensiva ainda maior caso Israel faça um contra-ataque.
- O ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amirabdollahian, também afirmou que o ataque contra Israel foi de “defesa legítima”. Com a operação, o assunto foi visto como encerrado pelo país.
▶️ Sem apoio: O presidente Joe Biden deixou claro ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que os Estados Unidos não vão apoiar um possível contrataque.
- Biden conversou com Netanyahu por telefone poucas horas depois do ataque.
- Em um comunicado oficial, Biden chamou o ataque do Irã de “descarado” e elogiou a capacidade de defesa de Israel.
- No entanto, nos bastidores, o presidente norte-americano afirmou que os Estados Unidos não participarão de eventual contra-ataque israelense.
- As informações foram confirmadas por uma autoridade da Casa Branca à agência Reuters.
- O Irã avisou que poderá bombardear bases norte-americanas se os Estados Unidos apoiarem Israel em uma contraofensiva.
▶️ G7 condena ataque: Os líderes do grupo dos sete países mais industrializados do mundo condenaram o ataque e disseram que trabalhariam para tentar estabilizar a situação no Oriente Médio.
- Uma reunião virtual foi agendada pela Itália, que está na presidência rotativa do grupo, no domingo.
- Após a reunião, os líderes publicaram uma declaração demonstrando preocupação com uma possível escalada de tensões na região.
- Além disso, o G7 pediu cessar-fogo imediato em Gaza.
▶️ ONU: Outra reunião marcada para o domingo foi a do Conselho de Segurança nas Nações Unidas, em caráter de urgência.
- O representante de Israel pediu para que o órgão aplique “todas as sanções” contra o Irã.
- O embaixador israelense na ONU, Gilad Erdan, afirmou que o Irã não é diferente do regime nazista e comparou o líder supremo iraniano a Hitler.
- Erdan também defendeu uma retaliação ao Irã e disse que Israel não é passivo diante de ameaças e ataques.
- Já o Irã respondeu dizendo que agiu de forma legitima ao atacar o território israelense, direcionando artefatos apenas a alvos militares
- O representante do Irã na ONU, Saeed Iravani, afirmou que o ataque havia sido notificado às Nações Unidas e que o país agiu dentro do direito internacional.
- O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que o Oriente Médio “está à beira do abismo” e que há um perigo de um conflito em larga escala.
▶️ E agora? De acordo com a professora Priscila Caneparo, especialista em direito internacional, o que se espera agora é “uma resposta um pouco mais branda de Israel”.
“Muito dificilmente a gente espera que haja uma escalada a nível regional desses conflitos, desses ataques diretos que, pela primeira vez, aconteceram entre Irã e Israel”, explicou.
Artefatos caindo sob Jerusalém — Foto: REUTERS/Ronen Zvulun
Histórico
▶️ A escalada na crise começou no dia 1º de abril.
- Naquele dia, um ataque israelense matou um comandante sênior da Guarda Revolucionária do Irã e outras seis pessoas na Síria.
- O bombardeio atingiu a missão diplomática do Irã em Damasco e foi conduzido por aviões militares.
- À época, Israel evitou comentar o caso, mas fontes da Defesa israelense confirmaram a autoria do bombardeio ao jornal “The New York Times”.
▶️️ “Ação agressiva e desesperada”: Um dia depois do ataque, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, prometeu vingança e disse que Israel iria se arrepender do ataque.
- Na mesma linha, o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, afirmou que o bombardeio não ficaria sem resposta.
- Ao Conselho de Segurança da ONU, o Irã disse que tinha o direito de revidar o ataque de Israel e pediu que o órgão fizesse uma reunião de emergência para discutir a agressão.
▶️️ Tensão: Nos dias seguintes, começaram a pipocar informações sobre a possibilidade efetiva de uma resposta do Irã. O governo dos Estados Unidos, inclusive, demonstrou preocupação diante da ameaça.
- No dia 10 de abril, o aiatolá Ali Khamenei voltou a prometer uma resposta contra Israel durante um discurso de encerramento do mês sagrado dos muçulmanos, o Ramadã.
- O líder supremo do Irã disse que o regime israelense deveria ser punido.
- Momentos depois, o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, respondeu Khamenei e o marcou em uma rede social.
- “Se o Irã lançar um ataque do próprio território, Israel vai responder e atacar o Irã“, escreveu Katz.
Aiatolá Ali Khamenei abraça familiar de membro da Guarda Revolucionária morto em ataque de Israel — Foto: West Asia News Agency via Reuters
Fonte: G1