Fábio Matias valoriza luta do Botafogo e responde à confiança de Caixinha: “Deixar para o jogo”

Fábio Matias valoriza luta do Botafogo e responde à confiança de Caixinha: “Deixar para o jogo”

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Quatro jogos e quatro vitórias. O retrospecto de Fábio Matias no seu início de história com o Botafogo é animador. Ele igualou a marca atingida por outro treinador interino, Claudio Caçapa, no último Campeonato Brasileiro.

A vitória por 2 a 1 do Botafogo – dois do encantado Júnior Santos, com Juninho Capixaba descontando – nesta noite de quarta-feira, no estádio Nilton Santos, contra o Bragantino pela Libertadores deixa o time carioca em vantagem. O jogo da volta é na quarta que vem no estádio Nabi Abi Chedid, em Bragança Paulista (SP).

Matias valorizou muito a vitória e comentou, com respeito, mas uma pitada de rebatida, a declaração de Pedro Caixinha, técnico do Bragantino, que afirmou em coletiva: “vamos ganhar e vamos passar”.

– Caixinha é um treinador top. Acompanho o trabalho dele, um cara top como ser humano, de trabalho… Opiniões são opiniões. Ele tem um trabalho de um ano e meio dentro do clube. Um trabalho longo que consegue captar, entender processos. A gente iniciou esse ano aqui, tem coisas para melhorar, e eu acho ótimo que tenha porque estamos no início da temporada ainda. Se chega no início com nível muito alto, a tendência é sofrer ao longo dela. É isso que a gente visualiza em relação ao trabalho. Respeito a posição do Caixinha, mas o jogo é semana que vem. Até lá muita coisa vai acontecer. Vamos deixar para o jogo lá resolver, temos muita convicção do que estamos fazendo aqui – afirmou o treinador do Botafogo.

Fábio Matias na vitória do Botafogo sobre o Bragantino: 2 a 1 — Foto: André Durão

Fábio Matias na vitória do Botafogo sobre o Bragantino: 2 a 1 — Foto: André Durão

Empate garante o Alvinegro na fase de grupos na Libertadores, mas Matias lembrou que será preciso muita concentração e, principalmente, combatividade do início ao fim na partida.

– Jogo difícil, sabíamos disso. Pegamos uma equipe qualificada do outro lado. É uma competição em que você tem quatro tempos distintos de jogo, agora temos mais dois tempos para jogar. Sabemos que vai ser difícil lá, mas da mesma forma que hoje vencemos temos condição lá também. Quero valorizar a atmosfera da torcida, a quantidade de pessoas que vibrou até o final. Nossa equipe teve uma coisa boa de manter a combatividade. Isso é fundamental em jogos de Libertadores, faz muita diferença. Entender que tem que ter o pé no chão sempre e manter isso de forma controlada, sem acreditar que conquistou algo. Tem o jogo da volta que vai ser muito dificil – disse o treinador.

Fábio Matias também comentou a grande fase que vive seu atacante Júnior Santos. Ele lembrou que conversou com o jogador sobre alguns posicionamentos em campo e deu todos os méritos também para a equipe, que contribuiu para o crescimento do jogador.

– Júnior Santos está vivendo um momento maravilhoso, entendendo e interpretando bem o que temos pedido a ele em relação a busca dos espeços, jogar com espaços mais livres do que um jogo por dentro. Ele tem entendido isso, é um cara de muita potência, força, velocidade e que tem feito ótimos jogos. Que continue assim para nós, nesse ritmo. Mas preciso destacar não só ele. As coisas só acontecem se o conjunto da obra ajuda. E o conjunto hoje, em termos de competitividade, está sendo muito bom – elogiou Fábio Matias.

Júnior Santos fez os dois gols do Botafogo na vitória contra o Bragantino — Foto: André Durão

Júnior Santos fez os dois gols do Botafogo na vitória contra o Bragantino — Foto: André Durão

“Ninguém tem lembrado mais de traumas recentes”

Nascido em Santa Bárbara d´Oeste, em São Paulo, Fábio Matias ainda falou de possibilidades pra o futuro – leia mais abaixo – e da injeção de confiança nos atletas. Ele bate na tecla de novo momento no Botafogo. Nas primeiras coletivas, deixou claro que o Alvinegro precisava trocar o disco e parar de falar de 2023. O discurso voltou nesse pós-jogo com vitória na Libertadores.

– Acho que ninguém tem lembrado mais de traumas recentes. Acho que essa página já foi virada, não passa na cabeça de ninguém. Inclusive quando a gente vai para o intervalo, vai muito tranquilo do que tem que se fazer. A nossa maior preocupação era ajustar o que tinha para ser ajustado. O Bragantino Red Bull faz um jogo de muito ritmo, ritmo, ritmo, então acaba ficando um pouco vivo. Para quem assiste é ótimo porque vê muitas situações de transição das duas partes, sendo um jogo de muita pressão. (Mas…) dessa parte mental, já falei, é ponto final. Ninguém nem lembra mais dessas situações aí. O principal hoje foi a questão do jogo, o que fazer ao voltar do intervalo e buscar o resultado positivo, que era sair com uma vitória independentemente do placar – reforçou.

Mais da coletiva de Fábio Matias:

Improviso e golaço de Júnior Santos

– Essa é uma das coisas que jogador brasileiro tem e faz diferença. As pessoas lá fora compram nossos jogadores porque eles têm algo diferente. Toda vez que vemos alguém fazer algo diferente chama atenção, e isso é característica do futebol brasileiro. São coisas que enriquecem o futebol. Futebol às vezes fica um pouco chato e não se vê muito situações de improviso, de individualidade. Jogador sul-americano de forma geral tem individualidade presente, isso não pode quebrra. Temos que canalizar e potencializar isso. Esse tipo de lance agrada o torcedor.

Treinador principal?

– Acabei construindo minha carreira na base, sempre como treinador. Tive oportunidade às vezes de apagar alguns incêndios no profissional em clubes que passei, o que é normal. Quando tenho essa opção de vir para cá, ele é um processo de transição mesmo da base para o profissional. Uma das grandes dificuldades que há no Brasil hoje é essa ruptura. A minha vinda como auxiliar foi para construir a minha observação, auxiliar o processo para que lá mais à frente, não sei se no Botafogo ou em outro clube, eu poderia vir a ser o número um. É uma baita oportunidade. Eu tive outras oportunidades, mas optei em vir para cá. Temos pessoas na minha visão que acreditam nesse processo. Hoje estou passando por essa experiência. Isso aqui para minha carreira é o máximo que um treinador que vem da base está tendo. Tem outros treinadores de base que tiveram sucesso, como o Jardine que hoje está desbravando o México. Gustavo Leal, Paulo Victor, Phelipe Leal… Todos treinadores de base que foram para lá trabalhar, porque o espaço aqui no Brasil talvez tenha se fechado. Então essa oportunidade e o processo de valorização do mercado brasileiro em relação a isso. A médio e longo prazo, a ideia sempre foi essa. A partir do momento que se efetiva, perdeu dois jogos, gatilho no peito (risos). Mas com pé no chão, não é a ideia de hoje. Tem tempo, sou novo, tenho que viver muita coisa. Já vivi muita coisa dentro do futebol, mas é um processo de construção.

Adversário “pressionante”

– Vamos ter outro jogo difícil. Red Bull é uma equipe pressionante, nós estamos já com alguns comportamentos pressionantes, conseguimos sustentar isso por mais tempo. Algumas situações de espaços que acabamos detectando durante o jogo, em relação à marcação da equipe deles, especialmente de marcação aos dois médios nossos dificultou um pouco. Precisava de alguns movimentos ali mais rápidos para ter combinações de jogo. Em paralelo a isso usamos também profundidade de campo, onde o Júnior (Santos) levou muita vantagem pelo corredor direito. Tivemos estrutura de bola, com pressão, sem pressão, coberta, descoberta, bem coordenada, sabendo que tinha o Sasha fazendo movimentos de flutuação por dentro. A gente conseguiu controlar e estabilizar essas vantagens. Foi isso que agente ajustou, mas lá é outro jogo, pode mudar a forma do adversário pensar e a nossa também. Tentando entender ou prever tipos de cenários que vão ocorrer na volta.

Menos oscilações

– Os atletas estão bem estáveis dentro do jogo, se sentindo bem. A gente não vê essas oscilações hoje, fazem parte de um outro histórico. Eu não estava presente no ano passado. Se olhar o jogo, os dois times estavam ansiosos, errando algumas coisas técnicas, mas pela característica de tentar pressionar gerou alguns erros. Então a ansiedade tem a ver com o jogo em si, não com o passado. E a equipe que estabilizasse isso da melhor forma teria um melhor resultado. A Libertadores, jogar em casa, tensão… Faz parte. Os atletas são seres humanos, vão oscilar, mas estão muito fortes mentalmente.

Recorde de Júnior Santos

– É legal, maravilhoso. Acho que tudo que é de forma individual tem que ser dividido de forma coletiva. Júnior tem atingido, como atleta é um cara sensacional, às vezes até, assim, simples, pela essência dele. Tem abençoado com esses lances, esses gols, mas é muito comprometido com a causa, com muita alegria no dia a dia. Recordes foram feitos para serem batidos um dia. Júnior hoje teme ssa marca importante para a carreira dele,mas é algo que daqui a pouco vai ficar e um outro atleta vai vir e conseguir ultrapassar. É muito mais uma questão individual dele e um prêmio por tudo que tem feito.

Campo em Bragança

– Estruturalmente, o gramado é um dos melhores brasileiros, de grama natural. Deixa o jogo rápido, é aquele jogo que tem o torcedor a 1 metro de você, então a gente volta muito às questões de antigamente. Você escuta muitas vezes a torcida, falando de você, elogiando, criticando… Uma atmosfera bem diferente, mas para quem quer competir, ser agressivo, gosta de uma competitividade boa. É o que a gente tem feito. Ela deve elevar o nível nosso de concentração e agressividade. Vamos conseguir ter um jogo legal, de fase ofensiva. Hoje pela ansiedade tivemos erros técnicos, acredito que lá não teremos mais. E seja um jogo tecnicamente de nível muito alto.

Taça Rio

– Vamos pensar pelo lado positivo do jogo de domingo. Nós temos calendário muito cheio, então para ritmar jogadores que estão em baixa minutagem acho ótimo. Jogo de domingo é para isso. Fizemos isso contra o Fluminense, apareceram jogadores que torcedores talvez não conhecessem. Domingo vamos ter que usar novamente dessa estratégia, e isso valoriza plantel. Deixando o cara em condições para o próximo jogo. A Taça Rio tem um peso, tem a vaga na Copa do Brasil, precisa garantir isso de uma vez por todas. Temos que jogar todas as competições com nossa máxima energia para conquistar o resultado. Vamos com foco no jogo lá, lógico que não vai com a equipe em teoria… Podemos ter surpresa para quarta, mas teoria. Não é a equipe principal, mas é uma equipe que precisa de minutagem. Precisam ter isso. Quando acontecer suspensão ou opção minha, preciso desse cara em condições de jogo.

Fonte: Ge

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